Dormimos perto de Aldeia Nova, a 800 metros do Miradouro de São João das Arribas, em Miranda do Douro, aproveitamos a manhã neste lindo lugar, depois partimos para o Parque do Montesinho.
Acordamos já em proximidade ao miradouro de São João das Arribas, e com este panorama fizemos o desjejum
Deixamos o motorhome neste local, perto da Aldeia Nova (ou Aldinuoba, a designação em mirandês, como está escrito na placa à entrada da povoação) e descemos o restante do percurso à pé, aproveitando bem a paisagem.
Destino nº 1 - Miradouro de São João das Arribas
Ao chegar ao local encontramos a Ermida de São João das Arribas, construída em 1833, foi restaurada e tem uma inscrição a dizer que no local foi encontrado o túmulo de um general romano, porta-bandeira do imperador Adriano na expedição a Inglaterra no século II.
Existem ruínas de um castro no local, que tem origem atribuída à Idade do Ferro e os trabalhos arqueológicos revelaram ocupação entre os séculos III e IX.
É um belo local, além de estratégico.
Nesta parte do rio forma-se um verdadeiro cannyon, com paredes muito altas e íngremes.
Existem áreas no local que estão sob estudo arqueológico, e onde foi remexida a terra, mais flores de papoulas apareceram.
Logo ao lado, existe uma área de parque de merendas que está aparentemente abandonado, mas é muito interessante, e ali fizemos um lanchinho e descobrimos lugares legais, como ruínas de um moinho romano.
E uma fonte muito antiga
Nos despedimos da região do Douro, depois de passar 3 dias por aqui, com algum aperto no coração, mas ávidos para conhecer belezas diferentes. Sem saber muito que esperar, resolvemos conhecer o Parque Natural de Montesinho, e para lá partimos, mais especificamente, para Rio de Onor.
Destino nº 2- Rio de Onor, Parque Nat. de Montesinho
Após o almoço, do miradouro de São João das Arribas fizemos uma pernada grande da viagem, para os padrões de Portugal, e viajamos aprox. 100 km.
Rio de Onor é uma aldeia com características muito especiais. A fronteira entre Portugal e Espanha passa no meio da aldeia. Do lado espanhol chama-se Rihonor de Castilla, em rionorês chama-se Ruidenore. Os moradores falam indiferentemente espanhol e português, ambos influenciados pela língua autóctone, o quase extinto rionorês, dialeto do leonês.
Rio de Onor tem 76 habitantes, e é a única aldeia da região que subsiste até os dias de hoje, como aldeia comunitária. Este regime comunitário pressupõe a partilha e entreajuda de todos os habitantes. Partilham os fornos comunitários, os terrenos agrícolas onde todos trabalham e também um pasto comunitário, onde se alimenta um rebanho único de cerca de 300 ovelhas e 100 cabras. Partilham até as árvores, cada galho pertence a uma família...
Uma estória curiosa é a do bastão. Um pedaço de pau que recebia uma marcação quando alguém fazia alguma bobagem, e assim, na hora da partilha do vinho comunitário, essa pessoa recebia menos vinho de acordo com as marcações na vara.
"Comecemos nossa viagem pela pequena aldeia de Rio de Onor. Lá se fabrica o bagaço, aguardente de uva. Se o viajante quiser aprender como se faz essa bebida, há sempre alguém disponível para ensinar. Ela é milagrosa, cura até dor de dentes. Vale a pena experimentar essa delícia de Rio de Onor" - José Saramago
Destino nº 3- Varge, Parque Nat. de Montesinho
Seguimos viagem pela N308 e passamos pela aldeia de Varge, que possui uma manifestação folclórica do solstício de Inverno, os Caretos de Varge, que é uma reminiscência dos festivais pagãos como as saturnais, as dionisíacas e as juvenais. Os rapazes se vestem com fantasias e máscaras e tocam o terror pela aldeia.
Destino nº 4- Aveleda, Parque Nat. de Montesinho
"Sou d'Ableda e a burra tamém" – é uma frase célebre quando se fala de Aveleda.
Esta frase vem de uma lenda sobre a carvoeira que vendia carvão no mercado na cidade de Bragança, e que foi o fim de uma conversa com uma fidalga da cidade que a tentava rebaixar.
Destino nº 4- Montesinho, Parque Nat. de Montesinho
Aldeia que empresta o nome ao Parque, é também a mais alta desta serra, com mais de mil metros de altitude, sendo uma das mais altas de Portugal e tem seu charme.
Depois de dar uma volta pela aldeia, tentamos chegar a barragem de Montesinho e pela estrada de terra tivemos uma panorâmica do local.
No caminho tinha uma casa antiga onde os gatos são bem vindos
Eu disse tentamos chegar a barragem porque não conseguimos de fato. A estrada apresentava condições desafiadoras para um motorhome, achamos melhor não arriscar e então fizemos meia volta. Mas fomos surpreendidos por belas paisagens e ainda por um encontro com um veado, que nos presenteou deixando vê-lo por poucos segundos.
No outro dia visitaremos Bragança. Aquela região de serra parecia ótima pra passar a noite, mas daí pensamos no frio que deve fazer de madrugada, e então pusemo-nos em direção à cidade. Passamos por uma localidade chamada França, que tem uma bonita praia fluvial, e logo depois, encontramos um refúgio na estrada que parecia perfeito, onde não incomodaríamos ninguém e também ficaríamos em paz. E assim foi, tivemos uma ótima noite de sono.
A viagem continua aqui.
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