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5) De Monsanto a Idanha-a-velha, em autocaravana pelas aldeias históricas de Portugal

Atualizado: 4 de ago. de 2022

Uma joia bem conhecida e outra colada a ela, um museu a céu aberto, que vai te surpreender.


Torre de Lucano em Monsanto, onde mora o galo de prata, troféu recebido no concurso da "aldeia mais portuguesa de Portugal" em 1938.



Destino n.º 1 - Monsanto, um lugar e tanto


Após uma boa noite de sono e um café da manhã junto à Lusa que descansava no parque de autocaravanas, na bela manhã, subimos com disposição a ladeira que leva a consagrada "aldeia mais portuguesa de Portugal". A cada passo se descortina a ampla paisagem que o povoado em cima do morro proporciona.


Caminho para Monsanto, parece que a aldeia vai escorregar do morro a qualquer momento
Caminho para Monsanto, parece que a aldeia vai escorregar do morro a qualquer momento


Depois de uma agradável caminhada, surge o portão de entrada da aldeia de Monsanto.


Entrada da aldeia
Entrada da aldeia de Monsanto

Trata-se de um lugar muito bonito, com suas vielas estreitas e casas de pedra. Para onde se olha se encontra belezas e casarios charmosos.



Existem algumas casas que foram construídas aproveitando as grandes pedras do local como parede e até como teto.


casa construída sob uma pedra grande
casa construída sob uma pedra grande

Passeando despreocupadamente pelas belas vielas da aldeia, encontra-se algumas igrejas e fontes de água boa



Foi um local bem escolhido pelos fundadores, sejam quem for, provavelmente os "caveman".


Vista de Monsanto
Vista de Monsanto

Ao continuar o passeio decidimos continuar a subida do morro, em direção ao castelo construído pelos Templários no séc. XII, que fica no topo da formação rochosa. Palco de sangrentas batalhas, onde hoje jaz serenamente suas ruínas.





Interessante é a lenda do castelo, ligada a Festa de Santa Cruz, que ocorre até os dias de hoje. Reza a lenda que o castelo foi cercado pelos inimigos, que esperaram por muito tempo até que acabasse a comida dos refugiados nele. Quando só restava um tanto de trigo e um bezerro, optaram por uma ideia desesperada. Alimentaram o bezerro com todo o trigo e fazendo estardalhaço jogaram pela muralha o bicho que se estraçalhou nas pedras, deixando o abundante trigo a mostra. Assim, o inimigo pensou que os sitiados ainda se encontravam milagrosamente bem guarnecidos, protegidos pela providência divina, fazendo com que desistissem e abandonando a região.






Enfim, hoje em dia, Monsanto é uma aldeia muito calma, simpática e charmosa, vale a visita! Para quem gosta de tranquilidade, história e uma boa caminhada, este lugar é fantástico.




Destino n.º 2 - Idanha-a-velha, velha e bela.


Colada em Monsanto, encontra-se a aldeia de Idanha-a-Velha, uma joia histórica, fundada no sec. I antes de Cristo, com o nome de Egitânia, na época do imperador romano Augusto. Foi uma localidade importante durante muitos séculos, hoje tornou-se um museu ao ar livre.


As poldras de Idanha-a-Velha, curiosidade que só encontramos neste lugar.

Poldras
Poldras


As muralhas construídas pelos romanos para tentar conter as invasões barbaras, datadas dos séculos III e IV.

Muralhas romanas de Idanha-a-Velha
Muralhas romanas de Idanha-a-Velha
antiga catedral
Antiga catedral ao fundo


Parece que não deu certo construir muralhas. Idanha foi tomada aos romanos pelos Suevos no século V e posteriormente pelos visigodos, quando o local prosperou, e até hoje pode-se verificar sua presença nas edificações, com p. ex. na antiga catedral de Idanha-a-Velha.




Torre dos templários, construída pelos mesmos sobre o podium de Vênus, na época da dominação romana.

Torre dos Templários
Torre dos Templários



Vestígios dos romanos, suevo-visigóticos e medievais por toda a parte



Idanha-a-Velha também tem sua lenda:


Ilustração do rei Bamba
Ilustração do rei Bamba

"O rei Bamba foi o primeiro rei que houve.

Tinha sido nomeado que o primeiro rei se havia de chamar Bamba e botaram-se dois homens por o mundo a andar até acharem um homem que se chamava Bamba. Chegaram a Idanha-a-Velha, que diz que foi a terra mais antiga que houve, ainda mais antiga que Monsanto, e o homem andava a lavrar da ponte para lá. A mulher chegou às muralhas e disse:

- Ó Bamba vem a jantar!

- Trague-o tu para aqui, ficamos aqui ao pé das vaquinhas. Os homens disseram então um para o outro: - Aquele é que é o Bamba, temos que o seguir... Guardaram a mulher e foram a de rabo dela, até que chegaram ao Bamba. Quando lá chegaram, a mulher pôs o

jantar. Era dia de Entrudo e a mulher levava um galo para o jantar.

- Queres jantar aqui fora Bamba?

- Jantemos mesmo aqui.

Disseram os outros:

- Estamos com o nosso rei. Vosmecê agora fica sendo o rei dos Visigodos, e sua mulher fica sendo a rainha.. O homem foi, espetou a vara no chão, e disse:

Quando esta vara tomar rama, ficarei sendo o rei.

- E quando este galo cantar serei eu a rainha. A vara tomou rama e o galo cantou. Ainda hoje lá está o freixo, conforme lá estão as muralhas, e ninguém de lá corta lenha."


Destaca-se também a ponte romana, tortinha, mas bonita e está lá a milênios


Ponte Romana sobre o rio Pônsul, em Idanha-a-Velha
Ponte Romana sobre o rio Pônsul, em Idanha-a-Velha


Esta é uma imagem que vimos em várias localidades de Portugal, cegonhas e seus ninhos

Cegonha em seu ninho
Cegonha em seu ninho, em Idanha-a-Velha


Chamou-nos muito a atenção esta construção que não se sabe quando foi erguida. Chamam de Poldras e consiste basicamente em um caminho de pedras sobre o rio. Até hoje, não vimos em outro lugar além deste.

poldras

poldras

As construções sobre o rio Pônsul testemunham que aquele rio, antes da derrubada da matas ao seu redor para a prática da agricultura, tinha muito mais água. Provavelmente seja este o motivo da decadência do povoado, pois quando o rio deixou de ser navegável, dificultou muito o escoamento dos produtos da região. Para isso serve a história, aprendamos para não repetir os mesmos erros.


Se você for a Monsanto, recomendo deixar um período e dar uma esticadinha até Idanha-a-Velha


Pra quem gosta de viver a história, Idanha-a-Velha é um prato cheio. Tranquilidade também é um dos pontos fortes do local, só havia nós dois como turistas lá, e acho que não vão muitos, pois os cães latiam para nós. Certamente eles sabiam que não éramos nenhum dos os 63 habitantes remanescentes no local.


Bônus -Destino n.º 3 - Proença-a-velha



Autocaravana estacionada em Proença-a-velha
Proença-a-velha

Ao sairmos de Idanha-a-Velha em direção a Castelo Branco, passamos por Proença-a-Velha e demos uma volta por lá, mais porque tínhamos ainda tempo e seu nome nos chamou a atenção. Nada demais, apesar de ser uma localidade muito antiga também, pois recebeu foral do mestre da Ordem de Cristo (templários) em 1218.


É um lugar com muitas fontes, fontanários, poços e chafarizes. Possui algumas igrejas, capelas e muitas festas religiosas. Destaca-se a festa do Madeiro, por ser uma tradição pagã milenar em celebração ao sol realizada até hoje no solstício de dezembro.


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1 Comment


Continua uma jornada de indes critível belezas! Histórias e fotos muito interessantes! Amei!


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